segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Carta aberta à diretoria do Sindipetro-NF, Bacia de Campos, 30 de Novembro de 2009.

Carta aberta à diretoria do Sindipetro-NF

Bacia de Campos, 30 de Novembro de 2009


Senhores,
Os petroleiros subscritos vêm por meio deste instrumento lhes dar ciência da nossa insatisfação com o progresso das negociações do ACT 2009.

Passados mais de três meses da apresentação da pauta de reivindicações, o que observamos foram propostas de mobilização muito recuadas e, conseqüentemente, avanço parco no atendimento de nossas reivindicações pela empresa.

Entendemos que isto é resultado direto da crônica falta de interação entre a direção do sindicato e a base da categoria. O que vem se configurando numa relação autoritária, que privilegia as decisões de cúpula, favorecendo o desenvolvimento do burocratismo em alto grau no seio da representação da categoria. A intenção desta carta é chamá-los a responsabilidade. Já é hora de garantir que os petroleiros avancem na luta através da unidade pela base, sua principal força.

Consideramos que a proposta da Petrobrás não atende às nossas exigências e, principalmente, repudiamos a tática vil e desonesta da empresa de lançar mão da punição de trabalhadores como moeda de troca no acordo coletivo. Não podemos aceitar tal atitude abusiva e exigimos que o Sindipetro-nf, nosso sindicato, tenha uma postura firme sobre esse assunto.

Avaliamos que já passou da hora de dar um ultimato à Petrobrás: ou são revertidas as punições ou a categoria não trabalha, é greve! Assédio não se aceita e muito menos se negocia, nesse caso só nossa melhor arma fará a empresa entender de uma vez por todas que os petroleiros não deixam e nunca deixarão seus companheiros para trás.
Durante esse processo de negociação, que vem sendo estendido para além da paciência dos trabalhadores, a direção do Sindipetro-NF não orientou a discussão dos encaminhamentos da luta através de comissões de base, não se dispôs a coletar propostas de ação a serem tiradas em assembléias por local de trabalho, não considerou sequer a possibilidade de convocar reuniões de delegados de base para definir os indicativos para os trabalhadores e, de maneira absurda, chegou a impedir que assembléias soberanas da categoria votassem propostas dos companheiros que lá estavam.

A direção do Sindipetro-NF parece ter a convicção de que um punhado de diretores sindicais, afastados da base, pode decidir melhor sobre nossa luta do que nós mesmos. Acreditamos que dar voz aos trabalhadores deve ser a função principal da representação sindical. Porém, temos vivido um modelo de sindicalismo “parlamentar”, onde depois de eleitos, os dirigentes se julgam no direito de realizar os arranjos políticos que bem entenderem e encaminhar apenas decisões pré-definidas para a categoria dizer apenas sim ou não nas assembléias, mesmo que isso contrarie o interesse manifesto dos trabalhadores. Aliás, a falta de espaços em que os trabalhadores possam se manifestar é a característica mais significativa do modelo sindical atualmente seguido.

Com base nessas considerações, enviamos esta carta para exigir que seja encaminhado o início de uma mobilização que atinja a produção, até a reversão das punições, nem um minuto a menos que isso! Durante a mobilização deve-se garantir o espaço adequado para que os trabalhadores discutam em assembléias o acordo coletivo e sejam coletadas avaliações, opiniões e propostas sobre o mesmo. Que estas propostas sejam encaminhadas por delegados de base para uma reunião de delegados de base e, a partir dessa reunião, surja um indicativo que leve em consideração as discussões das assembléias, não apenas a opinião dos diretores sindicais. Que todo esse processo integre trabalhadores diretos e terceirizados, com propostas que obriguem a Petrobrás à garantir a isonomia de salários, direitos e benefícios.
É assim que queremos encaminhar nossas lutas, agindo unidos, mas decidindo democraticamente as que ações iremos tomar.

Façamos nós, por nossas mãos, tudo o que nos diz respeito!

A união se faz na base, não na cúpula!

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