O lucro, segundo Karl Marx e resumidamente falando, é a força de trabalho explorada pelo(s) dono(s) do(s) meio(s) de produção ao ficarem com o “maior valor” da produção para si (daí o termo mais-valia). Entenda-se “meios de produção” como, a terra, a fábrica e etc. De fato constitui, dentro desta visão, o lucro como sendo produto da exploração dos capitalistas donos das propriedades privadas dos meios de produção, sobre a classe trabalhadora de fato a classe produtora, pois é dela que surge como força de trabalho (intelectual e física) a qual de fato produz.
Bem, discutir “participação nos lucros e resultados” significa por um lado “entrar no jogo” da exploração e por outro recuperar parte do que a princípio sempre foi nosso: o lucro. Essa é uma contradição inerente à sociedade em que vivemos: Por um lado o capital cria o mito de “solidariedade” com o lucro e a produção ao mesmo tempo em que nos aliena dela e de seu uso social.
Muito melhor seria se a PLR fosse incorporado ao salário, pois a empresa usa a PLR como política de remuneração variável, vide o crescimento desta componente (PLR) na equação de nossa remuneração.
Outro mito: diversos companheiros dizem que a Petrobrás “deu” este adiantamento. Bem esta é uma visão contrária à realidade, pois ninguém pode dar o que não é seu. Na verdade trata-se da velha e intrínseca luta entre capital X trabalho onde está na vez de jogar da empresa. Assim ela movimenta uma peça no tabuleiro da luta de classes, tal movimento pode significar uma tentativa dela recompor sua moral perante a categoria que amargou um aumento salarial abaixo das obtidas por diversas categorias no Brasil. Esse jogo está ligado ao trauma que ela própria (Petrobrás) gerou, no início de 2009 quando teve a desfaçatez de publicamente afirmar que “não havia” informado o mês do dia 10 que ela iria adiantar a PLR. Recordar é viver: No fechamento do ACT de 2008, a Petrobrás a firmou em suas circulares que povoaram nossas caixas de correios (afinal só ela pode usar desse expediente, nos sendo proibido fazer o mesmo) que caso fosse fechado o acordo ela adiantaria “parte da PLR no dia 10”. Assim, quando o dia 10 de janeiro de 2009 chegou e se confirmou o não pagamento, a categoria mergulhou numa queda de braço com a empresa e que culminou com uma greve. A greve ocorreu não só pela “pegadinha” que a Petrobrás promoveu para com seus e suas trabalhadores/as. A segurança e saúde foram pontos ‘mobilizadores’ muito mais importantes naquele processo. Enfim, naquela ocasião ‘ela’ (a Petrobrás) de alguma maneira sentiu a reação da categoria contra o não pagamento do adiantamento no mês “pseudo-prometido”*, arranhando um pouco o “verniz”que reveste a sua imagem interna, verniz metódica e precisamente pintado a fim de amenizar as tensões inerentes a relação capital X trabalho. Lembremos ainda dois prováveis motivos que a fez se comportar daquela maneira naquela ocasião: Falta de liquidez no mercado, despencando as bolsas de todo o mundo em decorrência do cenário de crise (e que ainda hoje está presente em nosso horizonte, não se iludam), bem como objetivo de fechar um ACT 2008 rebaixado que garantisse um crescimento na margem de lucros e exploração sobre a categoria já estava no início de 2009 momentaneamente atingido com a aprovação do ACT 2008.
Essa história é importante para irmos as assembléias na próxima semana conscientes de que a proposta de adiantamento atualmente apresentada não condiciona o valor final nem sua forma de distribuição não trazendo amarras ao processo, embora embute o pagamento da outra parcela para daqui a seis (6) meses, segundo determina a legislação e normas. Isso leva a decisão do valor final da PLR para data próxima a nossa data base (Julho: previsão de pagamento da segunda parcela e início da campanha eleitoral; Agosto: data-base.), e se não houver uma direção sindical comprometida com os trabalhadores bem como uma massa de colegas conscientes deste processo, a categoria cairá na armadilha de empurrar a decisão do ACT para o final do ano, estes dois momentos irão se confundir favorecendo os patrões, ainda mais por se tratar de um ano eleitoral que contamina toda a realidade objetiva, infelizmente.
Gostaria de aproveitar o ensejo para agradecer a participação de todos e todas em nossos debates, reuniões de locais de trabalho, assembléias, atos, ‘blogue’ e afins. Ano que vêm, nós que participamos e empolgamos as reuniões do Local de Trabalho de Imbetiba (O.L.T.), poderemos ser um grande ponto de virada na vida de nossa relação de trabalho e organização de trabalhadores no sentido de influenciar mais nos processos que ocorrerão no próximo ano radicalizando a democracia nas esferas da participação dos trabalhadores e trabalhadoras no movimento sindical real, vivo e empolgante e que debata ainda as grandes questões nacionais sobre a luta e a organização autônoma dos trabalhadores/as.
Gostaria ainda de desejar a todos e todas um bom Natal e um ótimo ano novo de muita luta, muita consciência e claro de muitas vitórias para todos e todas!
Saudações sindicais e socialistas a todos e todas,
Leonardo Esteves da Silva – “Mosquito” –
Téc. Químico de Petróleo Jr.
INTERSINDICAL
FNP-NF
PSoL-Macaé/RJ
ps - Data a Assembléia da base de Imbetiba: Portaria da Praia campista, terça-feira, dia 29/12, às 13 horas.
* - “Pseudo-prometido” - pois de fato a empresa não prometeu pagar o adiantamento da PLR 2008 no mês de janeiro de 2009, usando precisamente o que foi escrito por ela própria como argumento de desculpa para afirmar isso, porém com diversas ajudas (sindicais inclusive) ao final do ACT 2008, ela criou boatos e um “clima” de “já ganhou” que induziu a categoria a acreditar que ela faria tal pagamento em Janeiro de 2010. Lembro que comentei isso na assembléia final de 2008 na portaria da Praia Campista: “Não acreditem” falei na ocasião assim como votei quase que sozinho (houve um ou dois colegas que me acompanharam) pela rejeição da proposta de ACT de 2008.

