sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Carta Aberta da Organização do Local de Trabalho de Imbetiba aos Trabalhadores Embarcados, de Parque de Tubos e Cabiúnas

Carta Aberta da Organização do Local de Trabalho de Imbetiba

aos Trabalhadores Embarcados, de Parque de Tubos e Cabiúnas

Caros companheiros e companheiras, no dia 02/12/2009, dezenas de trabalhadores reunidos na sede de Imbetiba, na portaria da Praia Campista, após sermos proibidos, assediados e ameaçados, caso realizássemos tal reunião nas dependências da empresa, como já havíamos feito no dia 30/11, segunda-feira dentro das instalações de Imbetiba (em frente ao prédio Ferradaes), avaliamos a 4ª contra-proposta da empresa para a nossa categoria bem como a conjuntura que nos levou termos uma campanha que se arrasta até o presente mês de dezembro, quase 4 meses após a data-base e do dissídio coletivo. Assim, decidimos por ampla maioria elaborar esta CARTA ABERTA aos trabalhadores e trabalhadoras da Bacia de Campos. Decidimos também por ampla maioria, que a proposta, mesmo a despeito da retirada das punições e com pequenos avanços ainda é INSUFICIENTE para atender aos nossos pleitos, anseios e esperanças, acumulados nos últimos anos. Ainda mais por se tratar de um ano onde as questões ditas: “sociais” estão em disputa! Portanto indicamos aos demais companheiros e companheiras que rejeitem esta contra-proposta, votando CONTRA o indicativo do Sindipetro-NF, pois entendemos que tática da empresa é desgastar a categoria pelo aperto econômico usual de fim de ano, mas também por que:

- Caso aceito, tal proposta trará no horizonte das próximas mobilizações e reivindicações, ACTs e etc o método da PUNIÇÃO como estratégia da empresa para disseminar o medo e enfraquecer nossa luta por mais e melhores condições de trabalho, direitos e salários, levando a categoria a aprovação de propostas rebaixadas. Precisamos denunciar e repelir esta política nefasta de repressão do RH, mas não deixar que se transforme em moeda de barganha

- A 4ª Proposta da empresa é na realidade a terceira, simplesmente com a retirada das punições da BACIA de CAMPOS. Entendemos que essa retirada é fundamental e constitui um avanço, mas devemos reivindicar a retirada de TODAS as punições praticadas pela empresa no último período. Nisso se incluem a demissão de companheiros/as, ocorrido em outras bases da FUP, por ela própria anunciada, bem como o desconto dos dias parados nas greves e paralisações ocorridos fora do período de março e em outras bases sindicais não ligadas a FUP. Todas essas outras perseguições e punições NÃO estão sendo removidos completamente, logo contrariando a própria resolução da plenária da FUP ocorrida este ano no Paraná. A questão piora quando verificamos que está sendo indicado pela nossa direção sindical, o aceite da proposta, desconsiderando os processos de perseguições e humilhações como, por exemplo, os cursos para “grevistas” que vem ocorrendo toda a semana em Macaé, os quais sujeitam trabalhadores ativistas da última greve a arcar com as despesas de estadia na cidade, obrigando-os a assistir cursos morosos, entediantes de “leitura de padrões” e “normas”. Novamente não há nada afirmado por escrito sobre o compromisso da empresa em não praticar novas punições decorrentes das mobilizações de toda a categoria até a presente data, tal como a vigília em Cabiúnas, e nossa mobilização desta semana em Imbetiba, bem como as operações-padrões e ações ocorridos nas plataformas da Bacia de Campos e em outras bases sindicais petroleiras do Brasil. Como no final da última greve, a empresa poderá esperar oportunistamente um outro momento para praticá-las, se não houver um acordo por escrito.

- Refutamos as afirmações direção do Sindipetro-NF de que não há possibilidade de realizarmos ainda neste período uma greve vitoriosa que arranque melhores propostas. Não é uma questão de “responsabilidade ou de irresponsabilidade”, é uma questão de vontade política em superar as dificuldades com coragem e obstinação, tão ausentes na maioria de nossas atuais lideranças. Efetivamente o aumento da RMNR, NÃO significa que haja GANHO REAL como propagandeia o RH da Petrobrás e a direção sindical aceita isso sem maiores explanações! Pensamos que há um viés economicista no aceite da proposta por parte da direção, quando esta direção não explica as conseqüências nefastas de substituir nosso salário base por um aumento em um adicional e não no salário base. Esse fator não é menor nesta campanha: Ao não incidir um ganho real no salário base a parte “volátil” de nossos salários cresce a cada ano, fragiliza nossos direitos, discrimina os aposentados evitando que seus rendimentos também aumentem, não entra nos cálculos para a aposentadoria, previdência, FGTS e trará problemas no futuro, apesar de ser taxado no Imposto de Renda! Essa tem sido a tática da empresa para economizar com os custos da mão de obra: tratar de forma desigual e combinada os salários, não repassando os aumentos aos aposentados e evitando que os adicionais calculados sobre o salário base se elevem igualmente. Lembremos que um dia esperamos também nos aposentarmos dignamente, não debater isso é imediatismo. Não expor isso claramente a categoria é sonegar informações e orientações preciosas, quando da avaliação da proposta. Logo, achamos inaceitável essa postura omissa neste momento, no debate de nosso ACT;

- A licença maternidade não é de 180 dias como propagandeado! As companheiras gestantes deverão no primeiro mês solicitar a prorrogação da licença! Isso revela toda a mesquinharia da empresa e a total ignorância da direção do Sindipetro e da FUP para a questão das mulheres trabalhadoras: Caso a gravidez apresente complicações como a mulher irá solicitar até o primeiro mês a prorrogação deste direito, tal como está escrito na proposta? Isso fará com que as companheiras sofram assédios da gerência para serem “solidárias” e rejeitarem os dois meses de prorrogação. Caso contrário o GD irá pesar! Não sejamos ingênuos;

- Não somos mercadoria! Logo nossa vida é preciosa e não tem preço. Nada avança concretamente nas questões de segurança nos locais de trabalho, a empresa não revela nenhum plano de investimentos nesta área e pior, ataca as CIPAs e os Cipistas eleitos pelos trabalhadores;

- A direção sindical atual tem tido nos últimos debates, uma enorme habilidade em dizer que a crítica que nós da organização do local de trabalho de Imbetiba fazemos é a organização e a crítica da oposição, a crítica do partido político A ou B, sem jamais impulsionarem e / ou construírem as organizações por locais de trabalho, outro item repetidamente aprovado nos seminários de greve. Isso não é um erro. Isso é um método: Centralizar ao máximo o poder de decisão nas mãos da direção sindical, sob a desculpa de terem sido eleitos, sob a desculpa de serem atacados pela empresa, defendendo cada vez mais uma concepção atrasada de movimento ligada a concepção da democracia representativa, ao invés da democracia direta ou democracia operária.

- Por fim, e com a maior “cara de pau” atribuem ao Lula, a responsabilidade da retirada das punições. Precisam disso para disfarçar que foi exatamente neste governo que as punições foram praticadas. Quando o governo opta por governar e não transformar profundamente a realidade objetiva, transforma a Petrobrás num balcão de negócios da política escusa brasileira, acomodando os diversos “aliados” e antigos “inimigos” com o objetivo de se perpetuar no poder, o que difere de “transformar o poder”. Ao fazer isso, os setores mais truculentos sentem-se à vontade para atacar as lideranças emergentes. E se essa liberdade se transformar em bode-expiatório para rebaixar um ACT, melhor ainda, para elles. A Dilma Roussef e o Lula são também os nossos patrões. Punições e perseguições aos moldes da ditadura, e do nefasto governo FHC, nada tem a ver com a transformação da empresa em direção aos anseios dos trabalhadores.

Um convite à ousadia: Organize em seu local de trabalho comissões ou organizações dos locais de trabalho. Somente assim as demandas específicas serão atacadas de frente, como a nossa reivindicação por transporte gratuito para a base Imbetiba e contra os desvios de funções, reforçando a direção sindical para quando necessário for a luta por nossos direitos. Não somos inimigos da direção sindical, pois nossas críticas aqui presente são sinceras. Não somos ex-sindicalistas que viraram gerentes! Estes sim cumprem agora mais claramente o papel de nossos inimigos.

Organização do Local de Trabalho de Imbetiba, dezembro de 2009


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