quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Proposta de Manifesto de Lançamento do Grupo de Base de Imbetiba

Caros,

Peço que leiam e retornem suas críticas e/ou sugestões:


Por que construir a Organização de Local de trabalho da Base Imbetiba?

Só a organização viva e a prática sindical combativa podem retomar as lutas e as vitórias dos trabalhadores e das trabalhadoras!

01 - Muitas vezes o movimento sindical está longe da realidade cotidiana dos trabalhadores. Mas é verdade também que grande parte de nós abandonamos por completo a reflexão sobre as nossas próprias condições de vida e trabalho.

02 – A realidade da maioria dos petroleiros e das petroleiras é de trabalho duro diário para fortalecer a empresa. Vários colegas ficam ‘felizes’ quando atingimos as metas estabelecidas no GD (Gratificação por Desempenho) ou quando se avança meia letra de nível de 18 em 18 meses. Enquanto isso passa despercebida a dura realidade de todo um sistema de coação, de competitividade e de individualismo, que cada vez mais se cristaliza com a adoção por parte do movimento sindical brasileiro o chamado “Sindicalismo de Resultados”, sinônimo de um método burocrático de luta mas esta almejando “conquistas parciais”.

03 – Essa sem dúvida é a nossa grande derrota: a dos trabalhadores assimilarem a exploração e a repressão contra quem a contesta, como algo natural além de quando nos dividimos enquanto classe trabalhadora. A maioria se permite à hegemonia da lógica individualista sobre os interesses coletivos. Para a empresa e acionistas só resta comemorar o sucesso dessa estratégia: Ou seja, a maioria de nós, trabalhadores e trabalhadoras, estamos hipnotizados pelo individualismo e somos levados a acreditar que a saída coletiva, a atuação militante autônoma e a solidariedade entre nós, tudo isso, é uma grande besteira.

04 – É preciso dar um basta em toda essa exploração consentida! Exploração esta que para alguns nem é percebida e para outros (a maioria) um fator de humilhação, uma vez que não gozam de mesmos direitos e benefícios, tal como ocorre com os companheiros e companheiras contratados, que hoje perfazem 2/3 da categoria. Ampliando a nossa organização, conquistaremos respeito e melhores condições de trabalho. Para isto, cada unidade de trabalho deve ter um trabalhador ou trabalhadora comprometida com a organização sindical, denunciando cada abuso percebido no dia-a-dia da produção e recriando a cultura da intolerância ao assédio, à pressão descontrolada por metas e resultados e da preservação da saúde mental dos trabalhadores e do meio ambiente.

05 – Muitos petroleiros e petroleiras ainda não estão filiados aos sindicatos e uma grande parcela não participa das mobilizações e greves. É demonstração clara da crise de representatividade sindical que enfraquece no imaginário coletivo o reconhecimento da importância dos sindicatos para as nossas vidas. Isso por sua vez é fruto da crise da direção do movimento, especialmente nestes tempos de cooptação e atrelamento ao aparato estatal onde verdadeiros nichos políticos irrigam as veias da gestão da empresa com distribuições de cargos gerenciais com evidente representação partidária. O pior é a desculpa: “Todos fizeram e farão assim, portanto é legítimo”. Pensamos que não pois isso desconstroi a luta política da categoria em função de interesses outros que não o de avançarmos nas nossas conquistas.

06 – As greves, para além de exigir as pautas gerais da categoria, devem ser momentos privilegiados para questionar o assédio moral, a falta de isonomia, de segurança e o excesso de trabalho, melhorando objetivamente as nossas condições nas atividades cotidianas. É preciso um “choque de cultura política” no local de trabalho. Nós trabalhadores e trabalhadoras devemos nos movimentar contra o assédio e pelo incentivo à organização e à participação coletiva. É o necessário para recuperar a nossa força e questionar a desvalorização crescente do nosso trabalho.

07 – As O.L.T.´s (Organização por Local de Trabalhos, ou “Comissões de Base”) são praticadas há muito tempo pelos trabalhadores no combate à precariedade no trabalho. Com a história aprendemos a seguinte lição: se for no local de trabalho onde se manifestam diversos problemas (doenças ocupacionais, acidentes, insegurança, assédio moral, discriminação, cooptação, repressão dentre outros) é nele também onde os trabalhadores devem se organizar de forma autônoma para buscar mudanças.

08 – Precisamos estimular as organizações (ou comissões) de base através da capacitação e conscientização dos trabalhadores; e da luta pela democratização das relações de trabalho. É importante, também, evitar a alienação, a perda da identidade e solidariedade de classe e que interesses individuais se sobreponham aos interesses coletivos. Está lançado o desafio uma vez que a empresa possui todo o longo tempo da jornada de trabalho para atuar e manipular idéias e pensamentos dos trabalhadores onde se privilegia a competição entre nós, o cumprimento de metas, a produtividade, a ‘eficiência’, a ‘pseudo-qualidade’ e o individualismo. Vende-se a idéia de que os Sindicatos só atrapalham e que a melhor maneira de avançar no trabalho é cumprir 100% as metas do GD.

09 – Em contrapartida a isso, nós devemos cada vez mais ampliar o contato com os trabalhadores na base, fomentar a participação dos trabalhadores nos diversos projetos, mobilizações, assembléias, ou seja, construir uma cultura de organização dos trabalhadores que dê conta dos desafios colocados pela atual conjuntura.

10 – Cabe ainda um chamado a todos e todas que leram esse manifesto a somar-se no esforço da construção de um movimento vivo, que equilibre bem as reivindicações imediatas com aquelas consideradas mais gerais e principalmente: O fortalecimento de um espaço autônomo de atuação, afinal nós também somos o sindicato e o movimento operário.

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